25 de set. de 2012

O Design Desconstruído: as cadeiras Pesce, Mendini e Campana

25 de set. de 2012

A história é cheia de provas de que para evoluir é preciso revolucionar. Ir no sentido contrário ao que está sendo feito pela maioria. Sair do senso comum e inovar. Revolução Industrial, Semana de Arte Moderna, Construção de Brasília. E não poderia ser diferente com o design, seja ele, design gráfico, de web, de interiores, de objetos e tantos outros. O nosso desejo pelo novo, pelo diferente nos impulsiona a tomar caminhos diferentes, a fazer diferente.

Quando se faz diferente, se destrói conceitos. Destruindo, se cria. De acordo com o dicionário, um dos significados para o termo construir é: “4. Fig. Dar ou conceber forma a (trabalho de criação mental); ELABORAR; FORMAR”. Mas quando o assunto é design, artes visuais, o próprio ato de desconstruir é um ato de construção, na medida que destruímos conceitos pré-concebidos para criar um olhar diferente.

Gaetano Pesce, Alessandro Mendini e os irmãos Campana apresentam esta ideia da desconstrução por meio de um objeto em comum: cadeiras. 

"Cadeira: sf. 1. Móvel que serve de assento para uma só pessoa, com encosto e quatro pernas, às vezes com braços". É assim que cadeira é definida no dicionário. Mas no design, ela é algo a mais. Pesce e Mendini não se limitaram a este conceito. Suas cadeiras não tinham o único propósito de servir para sentar-se e muito menos composta de apenas elementos como encosto e pernas.

Cadeira Série Up - Gaetano Pesce

Cadeira Série Up -  Gaetano Pesce


Com Pesce, as cadeiras perdem as pernas, ganham formas diferenciadas e servem para um ideal maior: passar uma mensagem. Como as cadeiras da série Up, que possuem formas femininas e trazem uma bola para os pés e que na concepção de Pesce, representa a prisão feminina diante dos preconceitos que elas ainda sofrem.

Mendini brinca com as formas, as cores, o conforto destes objetos e, principalmente, ele quebra conceitos de objetos que poderíamos chamar de “conservadores”, como as cadeiras Thonet. Mendini distorce os conceitos simétricos, características das cadeiras Thonet, atribuindo a ela novos elementos. E principalmente, uma alma. Quando Mendini fez uma releitura de objetos de design, no projeto Redesign, seu objetivo maior era dar alma a este objetos, conectando-os com a alma humana.

A esquerda, cadeira Thonet. A direita , cadeira "Redesign Thonet“, de Alessandro Mendini


Os brasileiros Campana é a representação máxima desta desconstrução das formas, dos valores, da rigidez, aproximando-se ainda mais deste fenômeno, a chamo de “rehumanização”.

A esquerda, 'Poltrona Transplastic - Trançado de junco +  Cadeiras de plástico' e à direita, 'Cadeira Sushi - feita de papelão', dos Irmãos Campana
Posso estar enganado, mas tenho observado, no mundo atual, uma busca natural, em nossa evolução, pela humanização, um retorno à valorização do ser humano, a “rehumanização”. O processo de industrialização transformou o ser humano, o “coletivizou” e o “maquinizou”. O estilo que observamos na escola Bauhaus, por exemplo, era algo engessado e restrito. No entanto, o ser humano não é apenas aquela organização rígida. 

Com formas simples, paleta de cores mínima, com traços retos, o estilo moderno limitou o design a uma espécie, colocando o ser humano em uma única forma e não somos assim, somos diversos, com características únicas, somos orgânicos. Temos curvas diferenciadas e Pesce, Mendini e os irmãos Campana observam e valorizam este aspecto.

Assim, enquanto o estilo moderno “militarizava” o design com objetos e estilos mais rígidos. Estes três artistas buscam um retorno de um design mais conectado com a diversidade humana.

Pesce, Mendini e os irmãos Campana representam muito bem esta esta desconstrução que acompanha a nossa vida. Esta busca por novos valores, novas ideias. Suas percepções estão em suas criações. Desconstruir é também quebrar nossa visão sobre as coisas, pensar diferente. Ser diferente.

Por Chris "The Red"
Colunista convidado POP4FUN

1 comentários:

Realmente, acho que o design moderno tornou as coisas um pouco frias, impessoais. Me lembra aquela visão asséptica de futuro do 2001 do Kubrick. Tomara que essa "rehumanização" venha pra ficar.

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